Pedreiros, empregados domésticos, operadores de comércio, ajudantes de obra e cozinheiros integram as maiores notificações.
O Distrito Federal registrou 1.356 casos de Lesões por Esforços Repetitivos/Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (chamados de LER/Dort) entre 2014 e 2023. Desse total, 691 notificações foram registradas somente em 2023, o que representa um aumento de 1.014% em relação a 2022.
De acordo com o Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), as LER/Dort são todas as doenças, lesões e síndromes que afetam o sistema músculo esquelético causadas, mantidas ou agravadas pelo trabalho.
A SES (Secretaria de Saúde) esclarece que não existem sintomas específicos que caracterizam as LER/Dort, mas que geralmente se manifestam como dor crônica, sensação de formigamento ou fadiga muscular que aparecem, principalmente, no pescoço, coluna vertebral, ombros, braços e pernas.
O ortopedista Isaías Chaves explica que as LER/Dort são lesões causadas por “repetição de movimentos em um músculo que não está pronto para fazer aquele tipo de movimento”.
“Habitualmente, as pessoas têm rotinas de trabalho, e essas rotinas, essas repetições de movimento acabam criando lesões, principalmente, em quem não tem aptidão física e treino muscular para aquele tipo de exercício”, explica.
A doença se caracteriza pela ocorrência de vários sintomas inespecíficos, simultâneos ou não, tais como dor crônica, parestesia (formigamento ou dormência) e fadiga muscular, manifestando-se, sobretudo, no pescoço, coluna vertebral, cintura escapular, membros superiores ou inferiores.
O levantamento da SES aponta que foram 9 casos de LER/Dort notificados em 2020, 23 em 2021, 62 em 2022 e 691 em 2023. Segundo a pasta, o aumento no número de notificações é por causa da atuação dos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador, que atuaram para sensibilizar profissionais da área sobre a importância.
As profissões com maior número de notificações em 2023 foram:
1º – Trabalhadores de estruturas de alvenaria;
2º – Trabalhadores de serviços domésticos em geral;
3º – Operadores do comércio em lojas e mercados;
4º – Ajudantes de obras civis;
5º – Cozinheiros;
6º – Trabalhadores de abate de animais;
7º – Trabalhadores de coleta de resíduos, limpeza e conservação de áreas públicas;
8º – Caixas e bilheteiros;
9º – Atendentes em estabelecimentos de serviço de alimentação, bebidas e hotelaria;
10º – Trabalhadores de apoio à agricultura.
A faixa etária com maior notificação foi de 30 a 39 anos, seguida por 40 a 49. Homens notificaram mais casos do que mulheres. A maioria dos diagnósticos registrados foi de dorsopatias (51%), que representa dor lombar.
Transtornos dos tecidos moles (27%), que são lesões em diversos tipos de tecidos, e artropatias (17%) — doenças na articulação — também tiveram muitos registros.
O ortopedista explica que um diagnóstico “genérico” impede que a doença seja tratada de forma eficiente, de forma que o que será tratado é a consequência da LER e não a causa dela.
“O grande segredo para não se ter LER é entender a causa da doença e atuar na prevenção”, resume. Chaves explica que alongamentos, exercícios de fortalecimento e fisioterapias, principalmente em locais usados com frequência, são importantes para prevenir a doença.
Ele afirma que, ao perceber indícios de LER, é preciso buscar um ortopedista para avaliar a dor de forma adequada e ter um diagnóstico definitivo. “O paciente precisa fazer exercícios físicos voltados para a rotina dele, voltados para as movimentações que eles fazem”, relata.
A SES reitera que as LER/Dort são preveníveis e podem incapacitar uma pessoa permanentemente, por isso, merecem atenção.
Fonte: R7